
Esther Duflo, Abhijit Banerjee e Micahel Kremer foram os vencedores do Prémio Nobel da Economia deste ano pelo recurso à análise experimental para redução da pobreza. Duflo e Banerjee têm uma longa história de colaboração e ambos são entusiastas dos Randomized Controlled Trials (RCT) que são avaliações da realidade em ambiente controlado que procura aproximar a economia, normalmente conhecida como ciência social, das ciências exactas que recorrem à testes laboratoriais e avaliação em ambiente de teste para aferir a efectividade de uma tese.
Uma das colaborações de Duflo e Banerjee é o livro “Poor Economics” que resulta da análise das escolhas de famílias com parcos recursos na Índia e permitem perceber a racionalidade de algumas escolhas que para o senso comum da análise económica clássica são consideradas como irracionais.
Pessoalmente tinha muitas reservas sobre a eficácia dos RCT e fui ler o “Poor Economics” precisamente para “ouvir” de dois dos economistas mais reconhecidos deste campo e passei a entender melhor a abordagem e até a ser um entusiasta ainda que com algumas reservas, nomeadamente sobre interpretações das decisões das famílias. Mas em termos gerais, a análise próxima de como o contexto molda as escolhas e as prioridades das famílias pode melhorar potencialmente as políticas públicas destinadas ao alívio da pobreza.
“Poor Economics” é uma boa introdução para esta forma “nova” de se fazer ciência económica, os autores imprimem alguma leveza que não é comum nos papers onde residem grande parte dos RCT e sendo o objectivo maior melhorar a qualidade das medidas e decisões para resolução de problemas sociais, os RCT tendem a focar na resolução de problemas associados a pobreza suportados em melhor informação sobre o sistema de decisão adoptado pelas pessoas com menos posses. Tal como a análise económica empírica, os RCT têm limitações mas o seu valor é demasiado importante para ser ignorar e os júris do Banco Central da Suécia decidiram enfatizar o seu valor premiando figuras destacadas deste campo da ciência económica.

“Nudge” tem como subtítulo “Improving Decisions About Health, Wealth, and Happiness” (Melhorar as decisões sobre saúde, património e felicidade) e ao longo do livro os autores procuram cumprir com a promessa feita na capa. Thaler e Sunstein apresentam-se como defensores da liberdade individual como princípio para uma sociedade saudável mas admitem que os seres humanos tendem a tomar decisões que produzem invariavelmente resultados indesejáveis que afectam terceiros e oferecem como solução para muitos dos problemas causados pelas nossas decisões a arquitectura das escolhas, ou se quisermos usar uma única palavra: nudge. A palavra nudge pode ser traduzida como um “empurrão” ou “toque”, o tal toque que se propõe corrigir o comportamento das pessoas ou influenciar as suas decisões. A combinação deste princípio com a crença na liberdade individual foi chamado pelos autores de “paternalismo libertário”, um conceito aparentemente contraditório mas que ganhou tracção no pensamento moderno e vale a pena explorar as diferentes propostas estampadas no livro que vão desde como evitar que salpicos de urina em urinóis vão para o chão à correcção do comportamento dos condutores que potencialmente lidam para acidentes mortais.