Durante o último século a pobreza global tem sido encarada como um “problema técnico” cuja solução passa pela implementação de práticas desenhadas e aplicadas por “especialistas”. No entanto, com mais frequência que o ideal, os ditos especialistas focam em recomendar soluções para problemas imediatos sem tocar nos factores políticos sistémicos que em primeira instância criaram as condições para expansão da pobreza. Ademais, infelizmente, a lógica do “especialista” leva-os muitas vezes ao conluio com autocratas, encobertos na falácia do “autocrata benevolente” mesmo que o regime desrespeite os mais básicos direitos dos pobres.
William Easterly que também é autor do best-seller “White Man’s Burden” volta a visitar os problemas do desenvolvimento económico em “The Tyranny of Experts” e traça a história da luta contra pobreza global, demonstrando que a abordagem dos especialistas não só ignorou os direitos dos pobres como reprimiu o debate sobre abordagens alternativas como muito se debateram John Bell Condliffe e Friedrich Hayek: o desenvolvimento em liberdade. A teoria defendida por Easterly em “The Tyranny of Experts” é suportada por uma pesquisa económica profunda e moderna, Easterly argumenta que apenas um novo modelo de desenvolvimento baseado no respeito pelos direitos individuais das pessoas em países em desenvolvimento, que entende que o poder do Estado sem limites é o problema e não a solução – será capaz de acabar com a pobreza global de forma eficaz.
O modelo de desenvolvimento que aposta no forte intervencionismo do estado e na limitação de liberdades individuais tem grandes custos sociais e apresenta grandes incertezas no médio-longo prazo. É uma aposta no incerto que na maior parte das vezes correu mal. Aliás, as “meninas bonitas” dos defensores do modelo dos especialistas – Singapura, Malásia, Taiwan, Coreia do Sul – apresentaram maior progresso económico e social quando produziram reformas que davam maior liberdade económica e política aos seus cidadãos.
Este livro é recomendável para quem tem interesse em questões de desenvolvimento e direitos individuais. O livro defende as sociedades livres e opõe-se à lógica do líder autocrático que concentra demasiados poderes às expensas das liberdades individuais dos cidadãos que governa.
Easterly defende que a liberdade gera sociedades mais equilibradas politicamente e economicamente mais produtivas uma vez que a criatividade floresce melhor em ambiente livre e, como defendeu Robert Sollow, o progresso tecnológico (inovação) é um factor decisivo no desenvolvimento.
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